Qual a solução para a Crise na Igreja?

A Igreja está em crise, e as provas que o demonstram são quase incontáveis e estão visíveis a todos que o queiram perceber. Muitos são os caminhos oferecidos, mas poucos os que deveríamos seguir.

A crise na Igreja

"Jesus acalma a tempestade"


“Subiu ele a uma barca com seus discípulos. De repente, desencadeou-se sobre o mar uma tempestade tão grande, que as ondas cobriam a barca. Ele, no entanto, dormia. Os discípulos achegaram-se a ele e o acordaram, dizendo: ‘Senhor, salva-nos, nós perecemos!’. E Jesus perguntou: ‘Por que este medo, gente de pouca fé?’” 

(Mt 8, 23-26)

Ao longo da história, muitas foram as tempestades que se precipitaram sobre a Igreja, lançando contra ela ondas violentas e ameaçadoras.

Perseguições, ataques, traições, heresias… Continuamente, cristãos ao redor do mundo viram a barca que deveria conduzir-lhes a terra segura, a Pátria Celeste, ser agitada por ventos intensos num mar revolto disposto a fazê-la naufragar.

Fato constante em todas as épocas, a nossa não haveria de passar incólume às suas próprias tormentas.

A Igreja está em crise, e as provas que o demonstram são quase incontáveis e estão visíveis a todos que o queiram perceber.

Vemos uma sociedade inteiramente secularizada, altares sendo esvaziados, os sacramentos sendo banalizados e fiéis vivendo como ovelhas perdidas, desorientadas, enquanto muitos dos pastores que deveriam guiá-los, ser para eles rocha firme, agem como verdadeiras pedras de tropeço, mais distanciando do que levando-os ao caminho da salvação.

E tudo tem se intensificado num nível tal, que somos levados a pensar que talvez esta seja uma crise sem precedentes, a maior e mais danosa já enfrentada em toda a história cristã; e a desejar que Senhor “desperte” de Seu sono e venha ordenar que se calem os ventos e se aquiete o mar.


Sim, há uma crise na Igreja; ela é grave e generalizada


Daí que, aos mais desesperados, pareça não haver solução; se as portas do inferno não estão prevalecendo, estão soltando-se de suas dobradiças e liberando sobre a Igreja um sopro tenebroso e corrosivo.

Para esses, resta apenas o alarde inerte, confuso e desesperado ou o ativismo precipitado que acaba por levá-los a erros cujas conseqüências podem ser graves.  

Outros, no entanto, se percebem tal crise, dela não fazem muita conta — a Igreja sempre esteve em crise, então não há que se preocupar com ela.

E há ainda aqueles que crêem não haver crise alguma, que o que há, na verdade, não passa de confusão gerada por radicais apegados a uma tradição vazia e ultrapassada e que se recusam a aceitar um progresso social e eclesiástico.  

Não precisamos dizer que as três posturas são perigosas e que, apesar de materialmente distintas — em percepção, disposição e ação —, levam essencialmente ao mesmo resultado: o agravamento da crise e o avanço dos inimigos que a instrumentalizam.

Sim, há uma crise na Igreja; ela é grave e generalizada: uma crise de fé, de pastores, vocacional, ministerial, litúrgica, comunitária…

Todos os fundamentos da cultura e da religião que conhecemos parecem estar desmoronando ao nosso redor, consumidos pela praga do relativismo, da secularização, do egoísmo, da irracionalidade e da superficialidade, numa marcha acelerada para o total vazio de sentido.

E a Igreja, que, em crises passadas, sempre manteve-se firme e resistente, tal qual uma árvore sozinha no deserto do mundo, a servir como um refúgio de sombra e alimento àqueles que caminham sobre terra árida, quente e hostil, agora parece não mais oferecer refúgio, sombra nem alimento, pois o deserto tem atacado seus ramos, fazendo-lhes murchar e secar.

Enquanto isso, muitos daqueles que a representam e que deveriam velar por ela, regá-la e fazê-la germinar abundantemente, têm se deixado seduzir pelas ilusões do deserto, renegando os poderes e deveres — de governar, educar e santificar — com os quais foram constituídos.

Sabemos, contudo, que por mais hostil que seja o deserto, por mais intempéries que lance sobre essa árvore, ela não pode ser morta ou derrubada.

Em quantos momentos ao longo dos tempos, desde a sua fundação sobre a fé de São Pedro, ela não enfrentou secas e tempestades e se manteve de pé porque alguns corações conservaram-se firmes nesta mesma fé?

Não foi guardada ela em apenas um coração, quando, na Paixão, por todos foi abandonada em razão do medo e negada até pela rocha sobre a qual foi edificada?


Devemos permanecer plenamente unidos à Igreja, mas atentos, é claro, à doença que tenta alastrar-se por ela


Agora, conquanto o próprio Cristo, ao fundar Sua Igreja, tenha prometido que as portas do inferno nunca haveriam de prevalecer contra ela, garantias não temos de que não prevalecerão contra nós, individualmente, a depender da nossa própria conduta.

E numa crise como a que enfrentamos agora é quando as forças inimigas — estejam elas agindo desde fora ou infiltradas na hierarquia eclesiástica — encontram o terreno mais adequado para levar a perder o maior número de almas.

Como, então, devemos agir diante da atual crise na Igreja, para que permaneçamos fiéis ao Evangelho de Cristo, unidos ao Seu corpo místico, e preservemos a nós e tantos quantos nos sejam possíveis de sermos iludidos pelas miragens do deserto ou engolidos pelas ondas na tempestade por que passamos?

“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não der fruto em mim, ele o cortará; e podará todo o que der fruto, para que produza mais fruto”, diz Nosso Senhor, no capítulo 15 de São João.

A Igreja, como dissemos, é o corpo místico de Cristo, portanto é também, unida a Ele, a “videira verdadeira”, que Deus nutre para que Lhe renda frutos. 

Se nós, diante dos males que a infectam, permanecemos inertes, indiferentes, seremos — se já não estamos — contaminados por eles e nos tornaremos incapazes de dar frutos, como um ramo infértil, doente, que precisa ser cortado.

Se, por outro lado, movidos pelo desespero, buscarmos agir precipitadamente, podemos acabar desprendendo a nós mesmos da videira que nos sustenta. Mas “o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira” — ninguém pode podar a si mesmo para que dê frutos.

Tomando qualquer uma dessas posturas, o desespero ou a indiferença, nosso desfecho será igualmente trágico: 

“Assim também vós: não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira; vós os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dará muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não permanecer em mim será lançado fora, como o ramo. Ele secará e hão de ajuntá-lo e lançá-lo ao fogo, e será queimado.”

(São João 15, 4-6)

Devemos, então, permanecer plenamente unidos à videira — a “videira verdadeira” —, mas atentos, é claro, à doença que tenta alastrar-se por ela, para que não sejamos, como muitos ramos, também contaminados.

Para isso, precisamos amá-la, o que pressupõe conhecê-la profundamente; e conhecer também as raízes da crise que tem nela se infestado, de modo que saibamos agir prudentemente para combatê-la.

É por esse motivo que nós, considerando a preocupação geral, sobretudo dos nossos alunos, além dos falsos caminhos e soluções imprudentes que vêm sendo amplamente oferecidos, decidimos apresentar um conteúdo sobre o assunto.

No dia 08 de agosto, lançaremos o curso Crise na Igreja: Como podemos agir nesses tempos difíceis, ministrado pelos professores Mateus Mota Lima e Caio Perozzo.

O nosso objetivo é que você possa conhecer mais profundamente a atual crise na Igreja e os caminhos possíveis e coerentes com a fé católica para estes tempos.

A aula inaugural acontecerá no mesmo dia 08, e você pode se inscrever gratuitamente, através do link abaixo:

https://institutoborborema.com/crise-na-igreja/ 

Outros Artigos

Outros Artigos

Qual a solução para a Crise na Igreja?

A Igreja está em crise, e as provas que o demonstram são quase incontáveis e estão visíveis a todos que o queiram perceber. Muitos são os caminhos oferecidos, mas poucos os que deveríamos seguir....

Antes de comprar mais livros, encontre um professor

Existe uma ilusão de que uma montanha de livros e a sua leitura incontinente é suficiente para o desenvolvimento da inteligência. Acontece que, mais do que de livros, nós precisamos de um professor....

Sim, você precisa estudar latim

O estudo do latim é talvez o elemento da pedagogia clássica mais negligenciado e o que mais enfrenta descrença no nosso meio cultural. Mas ele é essencial para o desenvolvimento da sua inteligência; e nós explicaremos por quê....

Hollywood: fábrica de sonhos ou de frustrações?

Hollywood foi a responsável por desenvolver uma linguagem cinematográfica com um poder imenso de sedução e fascínio. O que todos ignoram é que aquela que ficou conhecida como grande fábrica de sonhos é, na verdade, uma perversa fábrica de frustrações. __ “No futuro, todos serão mundialmente famosos por quinze minutos.”...

O cinema está morto?

O cinema pode ser uma arte e um instrumento de conhecimento, um meio de descoberta, mas é geralmente utilizado como uma prodigiosa máquina de propaganda e persuasão, que, cativando o espectador com seus poderosos meios de sedução e entretenimento, instala em sua alma uma série de desvios, violando completamente a...

Pai X Professor: O que você precisa fazer a respeito da educação do seu filho?

Vivemos numa sociedade burguesa na qual as pessoas preferem pagar por serviços para que nunca tenham de se preocupar com aquilo. Assim também acontece com a educação dos filhos.  ___ Em um dos nossos textos mais recentes (Qual é a responsabilidade dos pais na educação dos filhos?) refletimos acerca da...

Data de Expiração: ---